abril 5, 2024 • • por Endura

Entendendo o risco da longevidade


Que a expectativa de vida da humanidade vem subindo ao longo do tempo é um fato notório e inegável, mas esse aumento da longevidade traz um desafio financeiro conhecido como “risco da longevidade”.

O tal “risco da longevidade” é a possibilidade de um indivíduo viver mais do que o esperado, o que pode resultar em recursos de aposentadoria ou poupança insuficientes para sustentar uma vida confortável durante os anos adicionais. Ou seja, é literalmente o risco de o dinheiro “acabar no meio do caminho”, e a pessoa acabar passando por problemas financeiros em idade avançada por ter vivido mais do que esperava.

Origem do Risco da Longevidade

O conceito de risco da longevidade surgiu, inicialmente, no contexto dos seguros e dos fundos de previdência. Em épocas em que a expectativa de vida não aumentava de forma exponencial (como está acontecendo agora), havia alguma previsibilidade sobre qual seria a expectativa de vida média dos usuários desses seguros e planos de previdência, e era relativamente fácil estimar a necessidade de recursos financeiros por parte das seguradoras e planos previdenciários.

Porém, a aceleração exponencial da expectativa de vida (que está sendo impulsionada por melhorias e novas descobertas na área de saúde e medicina) trouxe um elemento de incerteza para os gestores desses fundos e seguradoras. Foi aí que surgiu (com esse nome) o conceito de “risco da longevidade”, para representar o risco de que esses fundos e seguradoras poderiam, simplesmente, não ter mais dinheiro para bancar pessoas que estão vivendo cada vez mais.

Pode parecer um pouco mórbido (e é…) mas, para o setor de previdência, é importante que as pessoas morram… Quanto mais rapidamente uma pessoa morre após se aposentar, menos recursos financeiros ela vai consumir.

Se a pessoa se aposenta e “não morre”, isso afeta a sustentabilidade econômica do modelo previdenciário. Afinal, como equilibrar as contas em uma situação onde a pessoa trabalha por 35 anos e depois vive, como aposentada, por mais 50?

O Risco da Longevidade e o Indivíduo

A ideia do risco da longevidade surgiu em um contexto mais institucional (de planos previdenciários e seguros), porém ele também existe em um nível individual.

Até alguns anos atrás, eram comuns planos previdenciários com renda vitalícia e de “benefício definido”, em que a pessoa se aposenta e ganha um determinado valor até morrer. Inclusive, a maioria dos programas públicos de previdência ao redor do mundo ainda segue esse modelo (ainda que com limitações).

Porém, cada vez mais o modelo de previdência migra para a “contribuição definida”, onde a pessoa vai construindo um patrimônio ao longo da vida para usar na fase de aposentadoria.

Nesse modelo, esse patrimônio é “finito”. Ou seja, a pessoa vai acumular determinado valor e, ao se aposentar, vai ter que “se virar” com aquele patrimônio. Se a pessoa viver mais do que está imaginando e aquele patrimônio se exaurir antes de sua morte, as coisas podem ficar realmente complicadas…

Transferindo o Risco da Longevidade

Observe, então, que há uma tendência cada vez maior de se transferir o risco da longevidade dos programas previdenciários diretamente para os indivíduos.

Como a expectativa de vida aumenta cada vez mais, fica inviável que fundos previdenciários, companhias seguradoras e mesmo governos assumam esse risco. E cada vez mais caberá aos próprios indivíduos formarem um patrimônio (ou os meios de geração de renda) que os permitam viver por tempo indeterminado.

Do ponto de vista individual, isso implica em fazer um planejamento financeiro e previdenciário ainda mais agressivo, pois, cada vez mais, não se sabe quanto tempo uma pessoa vai viver após se aposentar.

Hoje, é razoável pensar que uma pessoa comum viverá por vinte ou trinta anos após a aposentadoria (em média). Porém, com o aumento exponencial da expectativa de vida, esse tempo pode subir para, quem sabe, 40 anos, 50 anos (ou mais!).

É mais tempo de vida. E viver custa caro…

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